1. |
Marginalia
02:01
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Instrumental
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2. |
Bessa
04:46
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Cruza a estrada o homem morto
Olhos baços, cenho roto
Mira os cantos, sobressalto
Aguarda o brilho do tiro final.
Tradicional espiral de honra
Minucioso clamor dos mortos, troante
Deita de costas o troféu
Cano sobre a fronte
Camisa ao vento, amarelada
Memorial do sangue a recuperar
Tradicional espiral de honra
Minucioso clamor dos mortos, troante
Acaso alheio, ínfimo
Traz o odiado fardo
Gerações de sombras
Versões do mesmo fado
Bessa
Trinta dias, grande trégua concedida
Pago o sangue, tempo oco
Dezoito, abrilmorto
Não mais maio, nunca mais
Tradicional espiral de honra
Minucioso clamor dos mortos, troante
Acaso alheio, ínfimo
Traz o odiado fardo
Gerações de sombras
Versões do mesmo fado
Bessa
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3. |
Luz Negra
05:22
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Olho
Enquanto os cães
Devoram
Meus restos, molestos
Encaro
Suas línguas varrendo
Ligeiras
A carne de meus ossos
Fluo
Meu sangue inda quente
Gota a gota
Encharcando o chão
Assisto
A dança intensa
Da disputa
Pelos meus destroços
Choro as mil mordidas de bestas vis
Sofro a morte rota de meus feitos
Ergo os braços aos céus em luta
Espero uma resposta que não vem
Berro, e o colosso me dá as costas
Cerro meus olhos, sua imagem se esvai
Luz Negra (4x)
Conto
A multidão dos grãos
De poeira
Sob meus sapatos
Ouço
O lamento dos donos
De cetros
Embriagados em poder
Canto
Suas infindas derrotas
Em Sol se pondo
A conta gotas
Rio
Enquanto buscam
Na correnteza
O brilho negro dessa luz
Espero as mil mordidas de bestas vis
Choro a morte rota de meus feitos
Sofro, os braços aos céus em luta
Ergo uma pergunta que não sai
Berro, e o colosso me dá as costas
Cerro meus olhos, sua imagem se esvai
Luz Negra (4x)
Nada ao redor permanece
Desço cansado de meu pedestal
Ignoro o inscrito, ignoro a ruína
As areias planas, testemunhas
Silenciosas do meu pranto
Meço a imensidão sob meus pés
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4. |
Exuviae Persona
04:02
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No ventre, prepara a muda
Exuviae persona vive
Aos braços, o choro acolhe
Atrás do muro, se esvai
E o ódio esbarra no muro
E a prece ecoa no muro
E o sangue resvala "no" muro
E a exuvia abre
No leito, se apaga a força
E o cântico ressoa triste
Nas frestas brilham sombras
Pessoas e ecdises
E o ódio esbarra no muro
E a prece ecoa no muro
E o sangue resvala "no" muro
E a exuvia abre
Nestas paredes se abandonam
Tristes sinas e moléstias
As camisas sao deixadas (exuviae persona)
Junto às pessoas de exuvia (exuviae persona)
Exuviae persona 4x
E o odio esbarra no muro
E a prece ecoa no muro
E o sangue resvala "no" muro
E a exuvia abre
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5. |
Praia dos Corvos
05:32
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O Mar revolto
Que as luzes trazem
São os traços de O-fune-sama
Fardos
De produto e alma
Carregam aos ombros por toda a vida
TRAGA!
Dos corpos,
que na areia jazem
Fartam-se corvos de finita fome
E o mal,
que não lhes faz jus
No homem, se eterniza
E o sal, que acumula e estoca
Chama a providência enfim
O-Fune-Sama
Esta noite
Há de chegar
O inquieto ruir da subsistência
Há de ser,
aqui se fará
Ceifada a vida, cessada a fome
E o sal que acumula e estoca
Chama a providência enfim
E o sal que acumula e estoca
E o sal que acumula e estoca
Kura
Nos traga
Nos salva
Nos faça
Pura alma
Louve e traga
O-fune-sama
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6. |
Em Nome do Homem
04:11
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Deus está morto
De seu crânio aberto
fugiram faceiras
As paixões
que Pandora
Com enorme zelo
guardava para si
O canto de sereia
do povo lagarto
Promete um futuro
Inefável de belo
Leva-nos cada dia
Mais e mais perto
Do fio dos rochedos,
Do fundo do abismo
A Esfinge cansou de esperar
Na boca da estrada vazia
Que alguém lhe
Dirigisse a palavra
Deixou guardada no fundo
Da memória
A pergunta derradeira
Que sabia fatal
Passou a devorar qualquer um
Que findasse
O plano trajeto
Do caminho lotado
Em nome do homem
Quem vigia a hidra sem coleira?
O Chapeleiro subiu a toca
Do coelho
E por um momento
Sentiu-se em casa
Falou verdades
Confundiu as razões
De quem as tem
Em demasia
Mas saudou-se da Rainha de Copas
Era apenas uma a lhe pedir
A cabeça
Por qualquer indiscrição
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7. |
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Primitivos padrões de medo
A arte de produzir efeito sem causa
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8. |
Legado
08:17
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Que o mal triunfe,
A violência grasse,
A mentira distorça,
Mas não por meio de mim
Que a lei oprima,
A língua fira,
O bem escasseie,
Mas não por meio de mim
Que a pena corte
A espada separe
O riso esmoreça
Mas não por meio de mim
Seja este o meu lema
Seja este o meu legado
A violência não existe por si
Está sempre ligada à mentira
Quem tem a primeira por método
Recorre à segunda por princípio
Que o irmão traia
O filho mate
A mãe imole
Mas não por meio de mim
Que a fome ruja
O ombro ceda
O joelho dobre
Mas não por meio de mim
Que a lágrima caia
O gosto degrade
A velhice amargue
Mas não por meio de mim
Seja este o meu lema
Seja este o meu legado
Gradualmente, descortinou-se para mim que a linha que separa o bem do mal não passa por Estados, ou por entre classes, ou mesmo entre partidos políticos, mas por dentro de todo coração humano, e por todos os corações humanos. Essa linha muda. Dentro de nós, ela oscila com os anos. Mesmo em corações mergulhados no mal uma pequena barricada de bem resta. Mesmo no melhor dos corações resiste enraizado um enclave de mal. (Alexandre Soljenitsin; tradução de Alexandre Paloschi)
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Macacos da Manchúria São José Dos Campos, Brazil
Death/Doom project by Alexandre Paloschi, Henrique Paloschi and Gabriel Soares.
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